O preenchimento, nos últimos dias, dos túneis lávicos na ilha cabo-verdiana do Fogo está, desde a manhã de hoje, a obrigar a lava a expandir-se em duas frentes, embora a velocidade reduzida, disse à agência Lusa fonte oficial.
Sem alarmismos, Aleida Monteiro, coordenadora do Gabinete de Comunicação do Governo cabo-verdiano, que se encontra em São Filipe, garantiu que o “quadro clínico” do vulcão de Chã das Caldeiras mantém-se o mesmo, de acalmia, pelo sexto dia consecutivo.
O que se passa, explicou, é que a pouca lava que sai agora lentamente dos vários cones vulcânicos existentes no planalto de Chã das Caldeiras está a “preencher” os “túneis” do magma acumulado ao longo dos últimos 22 dias e, não encontrando mais espaço, começa a expandir-se, atualmente em duas frentes.
Uma delas segue em direção a Cova Tina, onde existem apenas duas casas de apoio à agricultura, ambas já na encosta e, como tal, eventualmente fora de perigo, tendo, porém, destruído já todo o terreno agrícola que lhe está subjacente.
A segunda frente é uma “reativação”, adiantou, aludindo à que estava estagnada atrás das instalações da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras, onde é produzido o conhecido vinho do Fogo, cujas paredes ainda se encontravam de pé e que foi, hoje, totalmente consumida.
“A lava estava dentro da «crosta» criada pelas anteriores e foi-se movimentando no interior durante estes dias. Agora saiu. Mas a movimentação é lenta em termos de ocupação de terreno”, sublinhou Aleida Monteiro.
Segundo a coordenadora de comunicação do Governo, a atividade eruptiva, apesar de tudo, mantém-se com “baixo derramamento de lava”, com explosões “muito esporádicas” e com emissão de gases e cinzas “também baixos”.
A frente de lava mais preocupante, a de “Fernão Gomes”, um pequeno casal, desabitado, continua “estagnada”, sem que se tenha registado qualquer avanço no terreno, assegurou.
“A equipa de monitorização continua atenta e a acompanhar rigorosamente a evolução da atividade eruptiva, de modo a poder ter informações precisas e as devidas atualizações do quadro, permitindo que as autoridades, em caso de necessidade, possam agir atempadamente”, salientou Aleida Monteiro à Lusa.
A lava mantém-se a pouco mais de 600 metros de Bangaeira, povoação que, tal como Portela, foi destruída pela torrente, distando 3,5 quilómetros de Fernão Gomes, o “ponto crítico”, uma vez que, a partir daí, segue-se a encosta montanhosa que desce abruptamente para Mosteiros (norte).
Se a atividade vulcânica se agravar e a lava ultrapassar Fernão Gomes, situado a uma altitude de quase 1.900 metros, a torrente não encontrará quaisquer obstáculos em descer a encosta até ao mar, percurso onde se situam duas povoações – Cutelo Alto e Fonsaco -, cujos cerca de 2.300 habitantes estão em alerta para uma eventual evacuação.
Até agora, o vulcão não provocou quaisquer vítimas, tendo desalojado os cerca de 1.500 habitantes de Portela e Bangaeira, as duas povoações de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos.
Fonte: Lusa
Túneis lávicos do vulcão do Fogo cheios obrigam à expansão da lava em duas frentes
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