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Sociedade

Cidadãos aflitos, pedem soluções ao Governo

Os combustíveis voltaram a sofrer, na segunda-feira, 1 de Novembro, mais um aumento de preços, encarecendo ainda mais a vida dos cabo-verdianos. Cansados de esperar pela regulação, os operadores de hiaces decidiram levar avante o aumento dos bilhetes intermunicipais. Também à revelia das autoridades, o pão carcaça está a ser vendido acima do tabelado, 10 escudos.

Apartir de segunda-feira, 1 de Novembro, os preços dos combustíveis foram actualizados pela Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME).

De acordo com a nova tabela, o gasóleo normal passou a ser vendido a 114,60 escudos/ litro; a gasolina, 142$00/litro, o petróleo a 97$70/litro, o gasóleo para electricidade a 99$40/litro, o gasóleo marinha a 84,$40 es- cudos/litro, o fuel 380, a 96$30 /litro, e, por fim, o fuel 180, a 99$20/litro.

Quanto ao gás butano, cada vez mais consumido pelas famílias, passou a ser vendido a granel por 169$00/litro; sendo que as garrafas de 3Kg passam a custar

482$00/kg, as de 6 Kg, a 1014 es- cudos/kg, as de 12,5Kg a 2112 es- cudos/kg e as de 55Kg, a 9294/kg.

Segundo a ARME, num ano, os preços dos combustíveis aumentaram 60,7% em Cabo Verde, em consequência do custo dos produtos petrolíferos no mercado externo.

Hiaces interurbanos aumentam 50 escudos

Consequentemente a este aumento do preço dos combustíveis, os hiacistas e proprietários de táxi resolveram aumentar, de modo unilateral, o preço dos transportes interurbanos na ilha de Santiago, ignorando a ARME.

Esta agência reguladora havia justificado, antes, estar à espera “para breve” , da entrada em vigor do “novo diploma legal, para concluir o regulamento tarifário” e que só depois disso poderia fixar os preços dos transportes “com to- dos os termos bem definidos”.

Os operadores justificaram que, se ficarem à espera até a aprovação da lei no Parlamento, vão todos “morrer de fome”. Assim, a partir de agora, quem faz o per- curso Assomada/Praia/Assomada passa a pagar mais 50 escudos.

Nova tabela em vigor desde 1 de Novembro

De acordo com a nova tabela, afixada no dia 1 de Novembro, o percurso Assomada/Praia e vice-versa, e Praia/Assomada (Cruz de Picos) passam a ser 300$00, Assomada/Ribeirão Chiqueiro, Assomada/ Variante São Domingos, Praia/Picos (Babosa a Chandregue) 250$00, Assomada/São Domingos 200$00, Assomada/Gudim e Praia/Órgãos 180$00, As- somada/Órgãos Pequeno 170$00, Assomada/Órgãos 150$00, Praia/ São Domingos 130, Praia/Ribeirão Chiqueiro 80$00.

Pão carcaça sobe de 10 para 12 escudos

Também nas lojas, na linha do reportado na edição anterior do A NAÇÃO, os produtos alimentares continuam a sua escalada. É o caso do pão carcaça que já não se vende a 10 escudos, passando a ser 12 escudos. Os restantes pães, mais sofisticados, também subiram de preço.

“Ontem (terça-feira) comprei dois pães por 20 escudos, mas hoje (quarta), de manhã, o proprietário chamou a minha atenção de que de agora em diante tenho que levar mais 4 escudos pois o preço passou de 10 para 12 escudos”, disse uma senhora ao A NAÇÃO.

A subida em flecha dos combustíveis, transportes e de todos os produtos importados, no que se inclui certos alimentos, está a impactar de forma dura o quotidiano dos cabo-verdianos. Isto por- que esse aumento está a reduzir o poder de compra dos consumido- res, que não vêem os salários a aumentar há já alguns anos.

Falta de uniformização do mercado

A propósito da nossa reportagem da semana passada, um leitor de Santo Antão diz que nessa ilha já se pagava mais por certos produtos desde o ano passado. “Até em São Vicente também”, assegura.

Como afirma, os preços indicados pelo nosso artigo “podem ser verdade na cidade de Praia. Mas aqui, em Santo Antão, nem de perto nem de longe” correspondem à verdade.

Outras fontes informaram ainda que, quanto mais distante da cidade da Praia, os preços de certos produtos tendem a ser mais caros, por falta de uniformização do mercado.

Um facto que tem levado as pessoas a saírem do interior de Santiago, por exemplo, “para fazerem compras na ci- dade da Praia”. O fenómeno, ao que tudo indica, repete-se noutras ilhas e centros urbanos.

Críticas nas redes sociais

Nas redes sociais, qual barómetro dos tempos actuais, os nervos estão à flor da pele. Para muitos, já não há como apertar o cinto, pois “já nos encontramos no último buraco do cinto”.

“É este o caminho seguro que o Governo de Ulisses Correia e Silva prometeu durante a campanha eleitoral?”, pergunta um cidadão, referindo-se ao lema da campanha das legislativa de Ulisses Correia e Silva, de Abril passado.

Os mais cônscios entendem que a situação é mundial, mas destacam que é justamente nestas situações que qualquer que seja o governo é posto à prova, na procura de “respostas” para debelar este tipo de situação.

“Os bens têm aumentado toda hora, vencimento que é bom, nada!”, lê-se.

“Temos um sistema que beneficia sempre os mais ricos. Os pobres é que pagam por tudo. Assim é que defendem uma sociedade cabo-verdiana equilibrada e justa?”

Estes e outros comentários resultam da leitura da nossa reportagem da semana passada, “Cabo-verdianos apertam o cinto Do óleo alimentar à gasolina tudo aumentou, menos o salário”.

De acordo com o economista António Baptista, ouvido pelo mesmo artigo, a situação tende a piorar, diante da pretensão do Governo de reajustar IVA no próximo ano, como uma das medidas do próximo Orçamento do Estado.

Entretanto, porque a esperança é a última a morrer, há também nas redes sociais comentários de que “UCS há de arranjar soluções para não deixar as famílias mais desfavoráveis desamparadas”.

Refrigerante “Trin” passou de 105 para 125 escudos

Diferentemente do que A NAÇÃO tinha avançado na sua reportagem “Cabo-verdianos apertam o cinto Do óleo alimentar à gasolina tudo aumentou, menos o salário”, publicada na edição da semana passada, 28 de Outubro, uma garrafa de refrigerante “Trin”, da Tecnicil Indústrias, registou um aumento de apenas 20 escudos.

Por lapso, A NAÇÃO escreveu que uma garrafa de 2 litros do Trin passou de 105 para 205, na loja Khym Negoce. Na verdade, este produto passou de 105 para 125$00, segundo nos esclareceu aquela empresa.

Isto na Praia, nomeadamente, no referido estabelecimento comercial. Entretanto, em conversa com pessoas do interior, estas nos asseguraram que esse mesmo refrigerante chega a custar 150 escudos nas pequenas lojas em zonas mais distantes.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 740, de 04 de Novembro de 2021

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