A situação de “anemia” em relação ao crédito à economia leva o Banco de Cabo Verde a sentar-se à mesa com os bancos comerciais para gizar novas formas de reanimar o sector. O governador do BCV, João Serra, disse, também a NAÇÃO, que a taxa de crescimento, nos últimos três anos, está aquém do potencial do nosso PIB.
O Banco de Cabo Verde está “muito preocupado” com a “fraca” evolução do crédito à economia, daí achar necessário sentar todos os bancos comerciais à mesma mesa para se definir noves estratégias para a concessão de mais empréstimos à economia.
O governador do BCV, João Serra, considera que, nos últimos três anos, o crédito à economia registou um crescimento “residual” e, “como se sabe, a economia precisa de crédito para crescer”.
“Nesse quadro pensamos realizar um encontro com todos os responsáveis da banca, em Cabo Verde, para discutirmos com eles, na perspectiva de incentivá-los a conceder mais créditos à economia”, referiu Serra, ressalvando, no entanto, que os projectos a serem financiados deverão dar garantias de viabilidade. Isto porque “os níveis crédito malparado constituem uma preocupação para o banco central”.
Internamente, o BCV pretende fazer uma reflexão ao nível dos serviços competentes no sentido de se adoptar uma política monetária mais propicia o crescimento económico.
“Até agora temos mexido, basicamente, nas taxas directoras, sejam elas taxas de cedência de liquidez e de absorção de liquidez, mas a transmissão monetária aqui em Cabo Verde é muito lenta. O BCV reduz as taxas de juro, mas não há um acompanhamento da banca comercial”, frisou Serra. “Por causa disso estamos a fazer essa reflexão sobre eventuais outras medidas alternativas, que não passam apenas pela redução das taxas de juros directoras, de forma que a banca tenha um estímulo extra para atribuir mais crédito à economia, reduzindo as taxas de juro”.
O encontro com a banca vai ter precisamente o propósito de tentar encontrar soluções para o financiamento da economia, mostrando o governador do BCV nada contente com o actual quadro herdado do seu antecessor Carlos Burgo. “Não estamos satisfeitos com a situação anémica em que se encontra o sistema de crédito à economia em Cabo Verde”, disse.
SITUAÇÃO FINANCEIRA DO PAÍS
A crise financeira internacional, despoletada em 2008, continua a ter reflexos na economia cabo-verdiana, que, segundo o governador do BCV, tende a agravar-se com a quebra do investimento directo estrangeiro e com a redução da ajuda pública ao desenvolvimento.
“Esta situação agrava-se ainda mais pelo facto de agora não sermos um país menos avançado, tendo em conta a nossa graduação para país de rendimento médio”, salientou.
“Estando a economia cabo-verdiana muito dependente da conjuntura internacional, sobretudo da União Europeia, ela acabou por sofrer. A nossa taxa de crescimento, nos últimos três anos tem sido muito baixa, aquém do potencial do nosso produto interno bruto (PIB)”, realçou João Serra. “Tivemos que aumentar o endividamento do país e hoje temos pouca margem de manobra”, conclui.
BCV preocupado com situação do crédito à economia
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