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Cultura

Carnaval em São Vicente: Grupos ainda à espera de financiamento e apoios

A cerca de 30 dias para o Carnaval 2015, os grupos oficiais em São Vicente ainda estão à espera dos financimentos e apoios da Câmara Municipal e do Ministério da Cultura. Mesmo assim, há os mais corajosos que já colocaram o pé na estrada.
Ainda na ressaca das festas de final de ano, as atenções na ilha do Monte Cara já se voltam para o Carnaval, uma vez que o dia D, 17 de Fevereiro, já bate à porta. Por isso, num ritmo mais ou menos morno, cinco grupos oficiais começam as suas movimentações para abrilhantarem a festa do Rei Momo no “Brazilim”.
É o caso do Cruzeiros do Norte que, sem patrocínios mas com a ajuda de amigos, já deu início aos trabalhos de estaleiro. E conforme o seu presidente, Jailson Juff, no seio do grupo reina o optimismo, sobretudo com a volta do Nóia, artista muito cobiçado. “Estamos confiantes nos nossos profissionais e, agora, com o Nóia sentimo-nos muito mais fortes para levar à rua um grande trabalho”, salienta Jailson Juff.
Um trabalho de qualidade que passa por apostar na utilização de materiais novos, cujos meandros, por agora, Jailson juff prefere não revelar. Mas certo é que tudo se vai desenrolar à volta do enredo “Do outro lado do espelho”, para o qual está designado um orçamento de cerca de 3.700 contos e que pode contar com a participação de mil foliões. Esse investimento tem como principal propósito resgatar o bastão que Cruzeiros do Norte manteve por três anos seguidos, mas que, em 2014, perdeu para o grupo Monte Sossego.
REVALIDAR O TÍTULO
O campeão em título, Monte Sossego, já se encontra com a “mão na massa”. Segundo o presidente, trabalha-se para revalidar o título e consagrar Monte Sossego como um grupo a ter em conta no Carnaval de São Vicente. Pretende atingir esse objectivo com o enredo “Gala Monte Sossego Creativity  Awards”. “Será um desfile de figuras, personalidades e acontecimentos que marcaram a história  da saúde, arte, tecnologia e da natureza, etc, tanto local como mundialmente”, revela António “Patcha” Duarte.
Para já, Patcha adianta, com algum secretismo à mistura, que tudo está a ser preparado para alcançar a meta de mais de 1500 figurantes – número alcançado no ano passado – organizados em 25 alas. Afinal, como diz, há que fazer jus ao nome de segundo bairro mais populoso de Cabo Verde.
No entanto, existem algumas dificuldades que perigam o brilho desta “gala” que está orçada em cerca de 3.600 contos, designadamente, o não cumprimento das promessas feitas pelo Ministério da Cultura aquando do Fórum “Carnavaleando”, que aconteceu em Novembro passado, em São Nicolau. “Nós, em 2012, recebemos o “kit estaleiro” e, neste ano, ficou prometido o “kit batucada”, mas ainda sem qualquer sinal ficamos num impasse, sem saber o que fazer. Se essa promessa acontecer mesmo podemos poupar cerca de 400 contos que podem ser utilizados noutras coisas”, afirma Patcha.
EM STAND BY….
Outros grupos que se encontram em estado de espera são Flores do Mindelo, Sonhos sem Limites e Vindos do Oriente. No entanto, este último que retornou à arena em 2014,  depois de 10 anos no inactivo, vai fazendo um esforço,  segundo a presidente Lili Fortes, para avançar com os trabalhos nos estaleiros. “Tudo o que estamos a fazer por agora resulta de alguma angariação de fundo que fomos juntando ao longo destes meses e do esforço dos elementos do grupo”, adianta.
Contudo, no entender de Lili, só isso não chega para fazer um desfile à altura, daí fazer figas para que as coisas melhorem pelo menos até meados deste mês de Janeiro. “Sei que os patrocínios estão cada vez menores e este ano o desastre natural do vulcão do Fogo pede a união de nós todos e tem prioridade à frente do Carnaval”, desabafa.
Mas, dificuldades à parte, os Vindos do Oriente apostam no enredo “A Primavera do Faraó” e, conforme Lili Fortes,  a equipa liderada pelo artista Manú “Rasta” Cabral se apresenta muito entusiasmada e disposta a enfrentar os desafios.
 
Por sua vez,  a presidente do grupo Flores do Mindelo, Ana Soares,  diz aguardar os apoios do Ministério da Cultura e, sobretudo, da Câmara Municipal de São Vicente (CMSV) para levar ao sambodrómo o enredo “Doadores de corpo e alma e da boa vontade”.
“No entanto, está tudo muito difícil e só para se ter uma ideia ainda não fizemos sequer uma reunião na Câmara para saber ao menos os grupos que vão sair. Por outro lado, também temos algumas dívidas que estão a sufocar-nos”, lamenta Ana Soares, admitindo, no entanto, que, caso as coisas melhorarem, pensa colocar na rua três carros alegóricos e 600 a 800 figurantes.
No caso do grupo Sonhos Sem Limites, São Costa diz que só pode ter certezas quanto à saída no Carnaval depois de algum sinal da  CMSV, tida como o principal patrocinador.
Resultaram infrutíferas as diversas tentativas de contactos com a Câmara Municipal de São Vicente.

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