A secretária do presidente da Assembleia Nacional (AN), Carla Moreira, suspeita de ter participado num esquema de negócios de passaportes de serviço a favor de particulares já deixou o país. Ao que tudo indica, encontra-se foragida nos EUA.
Dados recolhidos pelo A NAÇÃO atestam que Carla Moreira, indiciada num suposto caso de negócios de passaportes de serviço mediante a falsificação da assinatura do presidente da Assembleia Nacional, viajou para os Estados Unidos da América, na passada sexta-feira, 2 de Janeiro. Com isso, é muito pouco provável que um dia ela venha a responder pelo seu alegado envolvimento na referida fraude.
Este foi um caso noticiado em primeira mão por A NAÇÃO, no seu número anterior, no qual se dava conta que funcionários da AN estavam a usar subterfúgios para solicitar passaportes de serviço a favor de pessoas particulares, em troca de dinheiro. As cédulas eram emitidas a favor de cidadãos que nem sequer possuíam qualquer vínculo com a AN, supostamente, para participarem em formações ou outras missões no exterior, especialmente em Portugal; quando, na verdade, a intenção dos portadores de tal documento era emigrar.
Um passaporte de serviço nestas condições chegava a custar cerca de 300 mil escudos. O caso foi detectado pelos serviços de fronteira de Portugal, assumindo a Polícia Judiciária cabo-verdiana a investigação, que passava por Carla Moreira e Carlos Xavier Lima, este um funcionário do gabinete de protocolo da AN.
INDIGNAÇÃO TOMA CONTA DA AN
A suposta fuga de Carla Moreira do país, tida como principal suspeita no caso, está a causar um novo mal-estar no seio dos funcionários AN. Aqui o ambiente é cortar à faca.
Nos corredores comenta-se como é que a visada conseguiu escapulir, uma vez que estava a ser investigada pela Polícia Judiciária. Mais uma vez, coloca-se o eterno problema do funcionamento da justiça em Cabo Verde, ainda por mais quando em causa está um dos principais órgãos de soberania do país, o Parlamento. O presidente Basílio Ramos, segundo uma fonte, está simplesmente arrasado, já que enquanto sua secretária Carla Moreira era alguém da sua confiança pessoal.
Fora isso, o outro suspeito neste processo – Carlos Xavier Lima, suspenso preventivamente das suas funções na AN – continua no país, à espera de responder pelos crimes de que é indiciado.
OUTROS CASOS DE FUGAS
Esta não é a primeira vez que cidadãos a braços com a Justiça conseguem, do dia para a noite, fugir do país. Até porque não estando com o nome na lista dos “interditados”, nada impede que alguém possa deixar tranquilamente o país. Isto tendo em conta que o direito ao movimento de circulação é algo que só é posto em causa em situações extremamente graves, devendo para isso a interdição ser decretada por um juiz.
Na lista dos foragidos encontra-se, por exemplo, uma outra funcionária da Assembleia Nacional implicada em várias falcatruas que conseguiu sair também do país sem deixar qualquer rasto. O mesmo aconteceu com um individuo envolvido no assassinato de uma criança no Bairro de Brasil. Isso para não falar de Alino Vieira, ex-inspetor da PJ, acusado de roubo de droga, apreendida e armazenada na então instalação da PJ na Achada de Santo António.
Caso passaporte de serviço: Funcionária de AN suspeita de “tráfico” fugiu do país
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