O MpD aparenta ter poucas dúvidas sobre os candidatos às autárquicas para S. Vicente, S. Nicolau e Santo Antão. Augusto Neves recandidata-se no Mindelo, tal como Orlando Delgado (Ribeira Grande), António Aleixo (Paul) e José Freitas (Tarrafal de S. Nicolau). Mas no Porto Novo há ainda uma incógnita.
As críticas dirigidas ao edil de São Vicente não se apresentam com força suficiente para convencer o MpD a fazer outra aposta para 2016. O partido saberá que Augusto Neves comunica mal com a classe empresarial, faz pouco para atrair investimentos privados, além de dialogar pouco com adversários e mesmo colegas do partido. Mas o partido tem indicação, por outro lado, de que Neves tem apoio nos bairros periféricos.
O diálogo que não faz com a classe média, Neves fá-lo com as pessoas mais pobres nos bairros de maior concentração. Lançou também um programa de calcetamento das ruas na periferia, com o qual não só dá emprego a muitos chefes de família, como contribui para a organização das diferentes localidades. Com isso, ganha em duas frentes: a sua popularidade cresce onde há maior número de votantes; por outro lado, ameniza a onda de contestatários dentro do próprio partido que chegou a lançar a ideia de que o actual não seria a solução para o próximo ciclo eleitoral.
Os dados que chegam ao MpD agora são outros e dificilmente os opositores internos de Augusto Neves conseguirão o intento de forjar outra candidatura que não a dele. A não ser que no próximo ano e meio que aconteça algo extraordinário que dê um xeque-mate ao edil sanvicentino que, em muitos aspectos, vestiu a “camisa” de Onésimo Silveira, tornando-se num fiel discípulo do antigo autarca do Mindelo. Desde logo na defesa que faz de São Vicente doa a quem doer.
De pedra e cal devem continuar Orlando Delgado (Ribeira Grande), António Aleixo (Paul) e José Freitas (Tarrafal de S. Nicolau). Na Ribeira Grande, chegou-se até a falar na hipótese de o MpD renovar a sua equipa, lançando jovens para novos desafios naquele município. A ideia não vingou de todo e Orlando Delgado fica cotado para tentar o seu quarto mandato consecutivo como presidente da autarquia onde desde 1992 tem desempenhado cargos políticos, ora como vereador, ora como presidente da Assembleia Municipal e nos últimos anos como edil.
Mais novo nessas andanças, António Aleixo deve, sem problemas de maior, recandidatar-se no Paul, tentando não se sucumbir já no primeiro mandato como fez a adversária das últimas eleições, Vera Almeida. A tarefa de se eleger está longe de ser fácil num concelho onde problemas de emprego, habitação e outros de cariz social grassam e onde a Câmara Municipal depende quase exclusivamente das transferências do Governo. E com isso faz muito pouco.
No Tarrafal de São Nicolau, José Freitas age como pode para levar esperança à população nos diferentes recantos do concelho. Resistiu bem às investidas do PAICV na fase inicial do seu mandato e vai construindo o seu caminho.
Aqui a percepção do MpD é de que para o seu primeiro mandato José Freitas está a sair-se bem, pelo que não haverá motivos para mudança. O mau ano agrícola não vai ajudar muito no próximo ano, é cero, mas a sua desenvoltura no terreno pode contornar a situação.
Portanto, entre o arriscar e manter quem lá está, o MpD opta por apostar nos rostos conhecidos. Ainda que não convencem todas as esferas do partido.
COMPLEXO
No Porto Novo, o caso é mais complexo. Aqui o MpD deixou o poder em 2012, perdeu espaço e influência política. Não conseguiu recompor-se até esta e ainda não “trabalhou” uma figura que assuma a proa do navio para o despique municipal.
Os ex-vereadores Aníbal Fonseca e Leonildo Monteiro, assim como o eleito municipal Carlos Reis, são cotados como possíveis candidatos, mas só um estudo de opinião dará orientações ao partido. Só que o tempo não joga a favor do MpD porque a imagem de um concorrente a uma autarquia não se faz do dia para a noite, sobretudo num concelho onde se é oposição.
Tal como Porto Novo, na Ribeira Brava (S. Nicolau) tudo está por decidir. Também ali, pelas fontes do A NAÇÃO, um estudo de opinião ditará quem disputará as autárquicas a liderar a equipa do MpD em 2016. Um ano particularmente complexo tendo em vista que os cabo-verdianos terão três eleições por decidir: legislativas, presidenciais e autárquicas.
MpD “ataca” norte do país com rostos conhecidos
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