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Amnistia diz que desaparecimento de estudantes mexicanos é “crime de Estado”

A Amnistia Internacional (AI) apontou, esta sexta-feira, que o anúncio do procurador-geral do México, Jesús Murillo, de que os 43 estudantes desaparecidos podem ter sido assassinados não reconhece que se trata de um “crime de Estado”.
A organização de defesa dos direitos humanos considera, em comunicado, como “limitadas e incompletas” as linhas de investigação do desaparecimento forçado e das execuções extrajudiciais em relação aos acontecimentos de 26 de setembro em Iguala, no estado de Guerrero, no sul do México.
Em paralelo, lamenta que o caso envolva “funcionários que se recusam a questionar o conluio entre o Estado e o crime organizado subjacente a estas graves violações dos direitos humanos”.
Em conferência de imprensa, realizada na capital mexicana, a AI afirmou tratar-se de um “caso típico de desaparecimento forçado”, sublinhando que se os jovens estiverem mortos então “é um homicídio”. “Um crime de Estado é algo muito maior”, acrescentou.
O procurador-geral do México disse que os 43 estudantes que foram detidos pela polícia e entregues ao cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e queimaram os cadáveres para não deixar rasto, segundo o testemunho de três suspeitos que participaram no crime.
“Tragicamente, o desaparecimento forçado dos estudantes é apenas o último de uma vasta série de horrores que se tem verificado no estado de Guerrero e no resto do país”, realçou Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Amnistia Internacional.
“A corrupção e a violência como sinais de advertência têm estado lá para que todos vejam há anos e os que negligentemente as ignoraram são eles próprios cúmplices desta tragédia”, acrescentou.
A Amnistia indicou, no comunicado, que Murillo “falhou em reconhecer que se trata de um crime de Estado e não de um episódio isolado”.
Em paralelo, “também se esqueceu de mencionar a negligência e a cumplicidade do Estado na investigação de uma série de denúncias contra o [então] autarca de Iguala”, José Luis Abarca, “o principal suspeito do desaparecimento forçado dos estudantes” e de outros delitos graves, segundo a AI.
A organização recordou ainda que o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, prometeu aos familiares dos estudantes levar a investigação até às últimas consequências para lamentar o facto de as suas ações demonstrarem, a seu ver, o contrário.
“O Governo mexicano não aceitou assistência técnica oferecida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, referiu a AI, assinalando que “no meio desta profunda crise de direitos humanos” Peña Nieto vai iniciar uma viagem ao estrangeiro “demonstrando pouco interesse em fazer frente à grave situação” que se vive atualmente no México.

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