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Economia

Assembleia Geral da CV Telecom: Clima de “desconfiança” provoca divórcio com a PT

A assembleia-geral da Cabo Verde Telecom volta a ser convocada, deste feita para o dia 24 deste mês, num clima de “muita desconfiança” entre o Estado de Cabo Verde e a Portugal Telecom. O acordo parassocial “já não vale” e na decorrência desse facto, aquele outrora parceiro estratégico vai deixar de ter controlo na gestão da empresa.
Os accionistas da Cabo Verde Telecom (CVT), na sua maioria, ponderam avançar com uma acção judicial, contestando a atitude da presidente da assembleia-geral da empresa, que consideram estar colada ao serviço da accionista Portugal Telecom (PT).
Ana Isabel Sequeiros voltou a convocar a Assembleia Geral extraordinária da CVT, agora para o dia 24, mas os accionistas estão de sobreaviso. Isto é, consideraram que a referida reunião pode ser desconvocada, mais uma vez, como aconteceu à reunião que, inicialmente, estava marcada para 30 de Janeiro, “tudo para servir os interesses da PT”.
Tendo se apercebido da estratégia da PT em protelar o processo para ganhar tempo, tendo em conta o anúncio feito pelo Governo de Cabo Verde no sentido do rompimento do acordo parassocial, os acionistas da CVT, na sua maioria, enviaram um documento à mesa da Assembleia-Geral solicitando a convocação imediata de uma reunião desse órgão para o cabal esclarecimento da situação da  estrutura accionista da telefónica cabo-verdiana.
De acordo com um dos accionistas, o documento foi remetido no dia 6 de Fevereiro, e só a 16 do mesmo mês, Ana Isabel de Sequeiros decidiu pela convocação da assembleia-geral. “Isto é, cumprindo escrupulosamente, o prazo legal de 10 dias, como forma de dar mais tempo à PT, que está sem argumentos para rebater a decisão do Governo em romper o acordo parassocial”.
Entretanto, a reunião foi marcada para o dia 24 deste mês, ganhando mais 54 dias relativamente à data inicial, o que, para os outros donos da empresa, demonstra que “há  uma clara sintonia entre a presidente da Assembleia-Geral e a PT, porque ela podia fazer simplesmente uma remarcação da data, tendo em conta a primeira convocatória”, diz.
“A PT já entendeu que a assembleia-geral tem de acontecer, entendeu, também que a força accionista é importante e já sabe que o Estado de Cabo Verde já deu o acordo parassocial por terminado, por isso o adiamento da reunião da assembleia-geral foi apenas uma estratégia, ou uma manobra dilatória, para ganhar tempo com o objectivo de, eventualmente, cuidar de alguns desses aspectos”, realça.
Segundo o documento enviado a Ana Sequeiros, com a assembleia-geral, pretende-se obter “toda a informação” sobre a estrutura accionista da empresa da decorrência do “negócio” entre e PT e a Oi e os respectivos impactos na CVT.
O acordo parassocial fixava a PT como parceira estratégica, com algumas responsabilidades específicas, mas, segundo a nossa fonte, a operadora portuguesa, “há dois anos vem fazendo grandes negócios com impactos directos na CVT, por força dessa parceria estratégica, sem que o Estado de Cabo Verde tenha sido, em nenhum momento que fosse, tenha sido dado conhecimento”.
Com isto, o Estado de Cabo Verde reconhece que há uma “total perda de confiança” em relação àquela que era tida como parceira estratégica.
Outro factor que terá pesado nesta tomada de decisão prende-se com o facto de o Estado português já não fazer parte da estrutura accionista da PT, como se verificava na altura do estabelecimento do acordo parassocial.
De acordo com a nossa fonte, na sua convocatória, Ana Sequeiros teve, mais uma vez, um comportamento “tendencioso”, ao decidir, de forma unilateral, a supressão do primeiro ponto da ordem do dia, relativo à informação sobre a situação accionista da CVT. “Ela tenta também intimidar os accionistas quando apresenta no próprio texto da convocatória relativamente ao processo eleitoral, quando esse tema de eleições é tratado de forma muito detalhada nos estatutos da empresa e no código de empresas comerciais”.
Nessa assembleia-geral a expectativa é que a PT, não tendo maioria accionista na CVT, e que na ausência de qualquer entendimento parassocial, deixe de ter controlo na gestão da empresa cabo-verdiana. Aliás, o arrastar da situação é algo que já começa a preocupar accionistas e analistas. Neste momento, por exemplo, pergunta-se quem manda, realmente, na Cabo Verde Telecom e que futuro se pode esperar dela.

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