Renato “Nana” Almeida e Kelly Fortes estão juntos há mais de cinco anos e vivem desde então uma relação que a princípio poderia fazer-se de barreiras entre um invisual e uma jovem que se considera “normal”. Contudo, no amor dos dois que já gerou dois frutos, a deficiência de Nana passa totalmente despercebida.
Nas vésperas do dia dos Namorados importa conhecer a linda história de amor de Nana e Kelly. Dois jovens que conheceram desde pequenos e chegaram a brincar juntos na zona de Chã de Alecrim, São Vicente, na mesma altura em que poderá ter despertado essa paixão, mas que não se manifestara ainda. Só em 2003, na adolescência, essa “inclinação de corpo e alma” começou a dar os primeiros sinais com algumas trocas de beijos. No entanto, tudo acabou por ficar por aí mesmo, porque Kelly mudou-se para uma outra zona, o que fez com que não se vissem durante seis anos.
Em 2009, Nana, através de uma amiga comum, teve a notícia que Kelly, que nunca saiu da sua cabeça, mesmo vivendo outros relacionamentos, voltara. “Pedi então à minha amiga que me levasse com ela quando fosse ter com a Kelly, só para ter a oportunidade de a ver. Então, passamos a conversar, passear e a nos (re)conhecer”, conta Nana que teve que vencer a timidez para conquistar a sua amada.
BARREIRAS
O cortejo, que teve na maior das vezes a Praia da Laginha com pano de fundo e embalado pelas músicas que Nana cantava para kelly, oficializou-se em 23 de Agosto de 2009, uma data que ele sabe na ponta da língua.
Em pouco tempo o amor gerou um fruto. No entanto, o casal passou a enfrentar algumas barreiras, entre elas as dúvidas colocadas pela família de Nana sobre a paternidade da filha, que nasceu em 2010.
Sem dar ouvidos a ninguém e dispostos a enfrentar tudo e todos, o relacionamento não só vingou, como os dois passaram a morar juntos logo após o nascimento da filha. Uma intimdade que Nana não se vê tomar com outra pessoa, além da sua “russa”, alcunha carinhosa com que trata Kelly. “Russa é minha menina, parte de mim e no seu lugar não coloco ninguém. Amo sobretudo a lealdade que tem para comigo, tanto que se alguém atirar-se a ela me acorda no sono só para me dizer”, conta Nana, salientando que se um dia ele e a Kelly se separarem nunca mais volta a morar com outra mulher.
Do lado da “russa” também fala alto também o companheirismo do amado, que caracteriza como uma pessoa cem por cento e muito amigo em primeiro lugar. Qualidades que suplantam uma deficiência, que aos olhos de outra pessoa poderiam colocar algum entrave. “Para mim, ele é uma pessoa normal como qualquer outra e até me esqueço que ele não consegue ver. Aliás, às vezes Nana faz coisas que me surpreendem, e sempre brinco com ele que está a enganar-nos, porque vê mais que muita gente”, revela Kelly, acrescentando que, ao fim e ao cabo, o facto de Nana ser invisual o torna mais atencioso e sensível, atributos que tanto as mulheres reclamam não existir nos homens.
Por essas e por outras razões, que a relação já dura há cinco anos e neste mês de Fevereiro fez a família crescer mais um bocadinho, com o nascimento de mais de um menino.
Letícia Neves
Um amor para além do (in)visual
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