O vulcão da ilha cabo-verdiana do Fogo está a emitir uma média de 8.000 toneladas de dióxido de enxofre por dia, disse este domingo a presidente da comissão técnica e científica do Observatório Vulcanológico de Cabo Verde.
“Com o apoio do Instituto Tecnológico das Canárias foi possível quantificar que estão a ser libertadas pelo penacho que se vê, esta pluma vulcânica, que vai para a atmosfera, cerca de oito mil toneladas diárias de dióxido de enxofre”, explicou à agência Lusa Sónia Silva Vitória.
Apesar de reconhecer que este fenómeno “não tem grande impacto na saúde”, a geóloga avisou que “há sempre alguma coisa que chega a terra”.
Nos últimos dias, exemplificou, foi possível detetar o cheiro a enxofre nas zonas de Patim, Monte Grande e até em São Filipe, a mais de 40 quilómetros, tal como na área da entrada do Parque Natural do Fogo.
“Depende sempre da direção do vento”, observou Sónia Vitória.
Nemesio Pérez Rodriguez, diretor do Instituto Tecnológico das Canárias, que faz parte do observatório cabo-verdiano, justificou esta ausência de impacto na saúde com o facto de a quase totalidade do dióxido de enxofre se encontrar a quatro quilómetros de altitude.
O perito espanhol comparou a emissão diária de dióxido de enxofre da ilha do Fogo com outros vulcões no mundo que estão também em erupção, como, por exemplo, o Mayon, nas Filipinas – “com um penacho de oito mil toneladas” -, ou o Kilauea, no Havai (31 mil toneladas).
“Há também vulcões que emitem 1.000 toneladas de dióxido de enxofre por dia, como, por exemplo, o de Soufrière Hills”, em Monserrate, nas Caraíbas, prosseguiu.
Uma outra avaliação que o Observatório Vulcanológico de Cabo Verde já conseguiu fazer foi o da taxa de emissão das lavas.
“A partir de um aparelho de termografia, que mede a temperatura, podemos calcular a taxa de emissão das lavas, que é de cerca de 16 metros cúbicos por segundo”, referiu, por seu lado, a geóloga Sónia Vitória.
O perito espanhol comparou esta emissão com outras, como, por exemplo, a erupção submarina do Hierro, nas Canárias, onde a taxa de emissão de lavas é de 24 metros cúbicos por segundo.
“Estamos a falar de uma taxa de emissão absolutamente normal para um processo eruptivo como o que estamos a assistir”, explicou Pérez Rodriguez à Lusa.
Sónia Vitória adiantou ainda que, desde o primeiro dia da erupção do vulcão, a 23 deste mês, a Uni-CV, o Observatório Vulcanológico de Investigação dos Açores e o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) estão a realizar a cartografia das lavas recorrendo à utilização de mapas tipográficos e geológicos da ilha do Fogo, em geral, e de Chã das Caldeiras, em particular, através do recurso de GPS e de bússolas.
A atividade na cratera principal das erupções vulcânicas, resultado da unificação de oito bocas eruptivas, a que se juntaram desde sábado outras sete, intensificou-se hoje de madrugada, tendo a lava destruído completamente a sede do Parque Natural do Fogo.
Em Portela, principal localidade de Chã das Caldeiras, zona que serve de base aos vários cones vulcânicos, as lavas já consumiram duas dezenas habitações, 15 currais, 14 cisternas de água, várias barracas de apoio à agricultura e uma extensa área de produção agrícola, mas sem quaisquer vítimas.
Fonte: Lusa
Vulcão do Fogo emite oito mil toneladas de dióxido de enxofre por dia
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