A tendência é ascendente no segmento do Turismo de Cruzeiro em Cabo Verde. Em 2013, foram 75 mil visitantes e, em 2014, até Maio, os portos nacionais já receberam mais 45 mil turistas.
Considerado um dos sectores estratégicos para o desenvolvimento socio-económico de Cabo Verde, o turismo tem conhecido grandes avanços nos últimos anos. Actualmente, é responsável por mais de 17% do emprego e contribui em mais de 21% para a riqueza do país. O Turismo de Cruzeiro apresenta-se como um dos pontos fortes nesse contexto e é uma das apostas do Governo ao elaborar o Plano Estratégico para o Turismo para o horizonte 2014/24.
Cabo Verde está na moda e o desenvolvimento turístico do país tem conhecido uma performance invejável quando comparado com outros destinos no continente africano. Aliás, segundo o estudo Índice de Competitividade de Viagens e Turismo 2013, o arquipélago foi o país africano que mais cresceu em termos de turistas internacionais, atingindo um acréscimo de 27%, para o que contribuiu seguramente o segmento de cruzeiro.
Os números traduzem o forte investimento levado a cabo pelo Governo cabo-verdiano em matéria de desenvolvimento turístico. Emanuel Almeida, director-geral do Turismo, reforça que essa aposta tem sido feita em toda a fileira do sector: “Quer na valorização da diversidade de oferta turística, quer na potenciação do produto âncora, sol e praia, mas também na promoção do país enquanto destino turístico e de oportunidades de investimento.”
Paralelamente, o Governo tem apostado na criação de condições a nível das infra-estruturas turísticas, como a requalificação dos portos, capacitando-os para receberem navios cruzeiros de grande porte, mas também na promoção dos transportes marítimos, para que “haja uma maior circulação de pessoas entre as ilhas”, através da criação de parcerias público-privadas.
Crescimento gradual
Efectivamente, os frutos desses investimentos são já visíveis. Cabo Verde tem recebido uma média de 70 mil turistas de cruzeiro por ano, e em 2013, atingiu a fasquia dos 75 mil. Aliás, segundo dados da Empresa Nacional de Administração dos Portos (ENAPOR), o arquipélago recebeu, em 2013, um total de 157 navios de cruzeiro, o que representa um crescimento de 111% em relação a 2012.
A hegemonia na recepção dos navios de cruzeiro é repartida entre o Porto da Praia, em Santiago, e o Porto Grande, no Mindelo, São Vicente. Este último lidera a tabela, com mais de 50 escalas em 2013, enquanto a capital recebeu 39 navios. Por sua vez, os portos de Palmeira (Sal), Sal-Rei (Boavista), Porto Inglês (Maio) e Tarrafal (São Nicolau) receberam, cada um deles, cinco escalas em média.
Contudo, para 2014, as autoridades responsáveis apontam os indicadores para um crescimento na ordem dos 5% no segmento do Turismo de Cruzeiro. A avaliar pelo número de turistas já registados entre Janeiro e Maio deste ano, em que as estimativas apontam para os cerca de 45 mil, Cabo Verde terá motivos mais do que suficientes para continuar a investir e a apostar no desenvolvimento estratégico deste segmento.
Nesse contexto, já foi elaborado e socializado com os parceiros e operadores do sector o Plano Estratégico do Turismo de Cruzeiros, assim como a sua Lei Operacional. Os documentos deverão entrar em vigor ainda este ano. Em linhas gerais, o Plano Estratégico do Turismo de Cruzeiros é um documento que identifica as potencialidades do país e de cada ilha, especificamente, assim como os mercados emissores, mas também os constrangimentos, traçando ainda as acções “correctivas” que Cabo Verde deve levar a cabo para potenciar e desenvolver o sector.
Já a Lei Operacional prevê a atribuição de responsabilidades partilhadas para o Turismo de Cruzeiro, definindo as dos operadores, da própria Direcção-Geral do Turismo, das Câmaras Municipais e, ainda, as questões de segurança que concernem ao próprio turista que visita o país. Perante este quadro, Emanuel Almeida acredita ser fundamental o engajamento de todos os actores do sector, mas também da própria população, para o sucesso e o “crescimento sustentável efectivo” deste segmento.
Potenciar cultura & tradições
Com a previsão do aumento gradual do Turismo de Cruzeiro previsto para Cabo Verde, os artesãos locais e agentes culturais querem aproveitar a oportunidade para impulsionar a cultura, a gastronomia e o artesanato locais. Uma forma de promover a cultura tradicional das suas ilhas e de potenciar a geração de rendimentos, pondo o turismo ao serviço das populações.
Nesse sentido, o desafio do Turismo de Cruzeiro passa também pela dinamização de actividades culturais e de lazer, com a criação de pacotes turísticos e roteiros para os turistas que aportam às ilhas e que, geralmente permanecem um dia em cada cidade. No caso do Mindelo e da Praia, já há quem esteja a tentar tirar partido dessa dinâmica, com algumas empresas a operar na área. Contudo, há quem acredite que ainda é possível fazer-se muito mais, criando circuitos mais eficientes e que permitam aos turistas um maior contacto com a população e as tradições locais.
Turismo de Cruzeiro: Um segmento de mercado em crescimento
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